Ofélia II

“Eu já nem sei bem do que se trata a vida. Um turbilhão de desutensílios cósmicos girando rápido demais. É como escrever um livro que pega fogo quando se afunda o ponto final. E ninguém nunca lê. E você esquece de cada palavra. E enquanto escreve também não tinha tempo de pensar muito sobre o […]

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A Toca do Coelho (Parte IV)

Fez de conta para si mesmo que não escutou as batidas no portão da oficina. Lá dentro pouco via além dos reflexos de luz no metal do quadro da bicicleta. As partículas de poeira pairavam no ar em câmera lenta. Ele mal respirava para não interferir no seu movimento. As batidas voltaram, mais veementes dessa […]

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A Toca do Coelho (parte III)

Gê tinha acordado já de mau humor por conta do bebê dos vizinhos que tinha apanhado uma gripe e não parava de chorar nem dormia um segundo sequer. Pobres coitados. Ela já tinha ajudado muito a cuidar de filho de amiga ou de sobrinha ou de primo pequeno, mas virote de gripe de guri era […]

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A Toca do Coelho (Parte II)

Onde foi que eu roubei essa merda dessa bicicleta? Não sei exatamente. Calma, foi perto to centro… Não. Foi… Na esquina depois daquele bar que abriu. Onde tem uma pracinha com uns banquinhos de pedra. Não. Isso foi semana passada. Na pracinha as senhoras davam de comer aos pombos de manhã. Aquelas duas de hoje […]

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A Toca do Coelho (Parte I)

Acordou com a falsa percepção de vozes conhecidas no andar de baixo, mas foi a perspectiva do encontro com ela que o levantou da cama. Ele sabia que não era possível, mas o imaginar encontrar já era tão gostoso que não resistiu. Abriu mão do sono em troca de ilusão. Se valeu ou não a […]

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Odile IV

Sabia que não deveria estar lá. E tinha sabido antes de mesmo pisar no rodapé da casa. Apesar de já ter recebido todos os avisos possíveis e belas confirmações do poder da sua intuição… Ainda assim ignorava. Olhando em volta e recuperando os buracos onde tinha a chance de se meter – e o fizera […]

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Ofélia

Alguém puxou a cordinha do ônibus, fazendo apitar o sinal de parada. Ofélia desencostou a cabeça do vidro da janela num sobressalto. O som reverberou por sua cabeça como eco de igreja. Seus olhos, subitamente cegos pela luz, capturaram – tontos – a paisagem urbana que passava em alta velocidade do lado de fora, fazendo […]

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Odile III

“Depois de um tempo – disse a senhora a ela – “você vai acabar percebendo que a vida é longa o suficiente pra que muita merda aconteça. Essa é a verdade. O tempo… Ele não cura nenhuma ferida, mas ele te permite ferir-se tantas vezes que as feridas vão se tornando ordinárias.” Odile não soube […]

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Odile II

Vagava sem rumo pela casa, confusa, perdendo-se nos caminhos secretos dos ladrilhos do piso. Trôpega, chutava pesos de porta, tropeçava em quinas de móveis, chutava rodapés. Ás vezes pensava lembrar-se pra onde ia, mas no meio do caminho as ideias se embaçavam e esvaíam-se da sua mente. Procurava respostas no fundo da geladeira. Encontrava apenas […]

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Odette II

Odette tropeçou na própria euforia e deu com tudo no chão de pedra fria e escura. Dessa vez não chorou. Já não chorava, quase, se caía. Zuzu dizia: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, Ela fazia a dança de sacudir a poeira e às vezes terminava tão tonta que caía de […]

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