Oração a Santa Antônia

Sob o céu, à vista das deusas e deuses, quero ter a cabeça entre tuas pernas e que o som mais forte desse mundo seja o da tua respiração ofegante. A sensação de grama entre os dedos apenas completando, em algum plano neural, o roçar dos seus pelos beijados pelo fogo.

E que haja calor, mas que o esquentar do sol seja um registro morno e distante perto da irradiação da tua pele de estrela incandescente. E ainda assim, seda mais suave não existe.

Sob o céu, à vista dos deuses e das deusas, quero tua carne tremendo ao ritmo das minhas papilas. Tua voz, do fundo de pulmões em contração, saindo a implorar que eu, por nada nesse mundo, ouse parar de dançar. E assim giraríamos em círculos no universo, ao som da nossa valsa irregular, cuja métrica se esconde em tuas sinapses.

Eu as recebo como andas de rádio, pelos olhos fechados, pela mão agarrando tua perna, pelos labios beijando os teus, molhados.

Depois de escutar teu grito ecoar pelo vácuo do universo infinitas vezes, acostar a cabeça em teu plexo, beijar teu umbigo, sentir tudo zumbindo ao nosso redor. Só então descansar, deixando a exaustão tomar nossas fibras e afrouxar até as tensões atômicas, permitindo que nossas moléculas se derretam umas nas outras.

E que Morfeu nos olhe com ternura e que suas lágrimas caiam sobre nossos olhos como areia, apagando tudo, gradiente. Sob o céu, à vista das deusas e dos deuses, resson(h)amos tranquilidade.

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